Criminosos exploram sites do Governo de MS e prefeituras e redirecionam para jogos de azar

Criminosos exploram sites do Governo de MS e prefeituras e redirecionam para jogos de azar
Esquema criminoso insere código em servidores sem despertar a atenção dos firewalls, redirecionando para jogos de azar.
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Portais oficiais de prefeituras e do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul estão direcionando acessos para páginas de jogos de azar e apostas.

Em um esquema sofisticado e capaz de contornar até os firewalls mais potentes sem levantar suspeitas, os criminosos atraem vítimas para sites de jogos de azar através de anúncios no Google.

Sites oficiais que operam sob o domínio “ms.gov.br” encontram-se infectados com redirecionadores de links. A invasão dos servidores ocorre sem que as equipes de tecnologia percebam, uma vez que a ação não compromete arquivos.

A técnica é tão avançada que, ao visitar o link diretamente, apresenta um erro nas páginas, conforme apurado pelo Jornal Midiamax.

Portanto, isso indica a presença de um código inserido que determina as condições em que a página deve ser exibida. Neste caso, a técnica utiliza um redirecionamento através de um domínio do Google.

Dessa forma, utilizando o endereço oficial de portais governamentais ou de instituições públicas, como universidades, o usuário é atraído por um anúncio que promove o cassino. O cidadão acaba redirecionado para o site de jogos de azar ao clicar no link gerado pelo Google.

Site mais afetado

Utilizando a técnica conhecida como ”Google Dorking”, que emprega o Google Search e outras ferramentas do Google para identificar falhas de segurança na configuração ou nos códigos dos sites, o Midiamax constatou que o portal mais afetado atualmente é o da Prefeitura de Jardim, seguido pela Prefeitura de Mundo Novo e pelo Corpo de Bombeiros.

Entretanto, a ação dos hackers vai além, atingindo também a Prefeitura de Dourados, a UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) e outros.

A reportagem entrou em contato com as assessorias do Governo do Estado, da UFGD e das prefeituras de Jardim, Mundo Novo e Dourados para compreender como opera a estrutura de segurança das redes e questionar se as equipes de tecnologia estavam cientes dos ataques. O espaço permanece aberto para manifestação das assessorias.

Jogos de azar

Em virtude do Setembro Amarelo, o Jornal Midiamax conversou com especialistas para conscientizar sobre a importância da saúde mental. Nesse contexto, o vício em apostas online e jogos de azar tem se destacado como uma preocupação crescente nos últimos anos.

Seja pela facilidade de acesso às plataformas ou pela ilusão de ganhos imediatos, o fato é que a ludopatia – vício em jogos – tem levado muitas pessoas a desenvolver dependência, ocasionando prejuízos financeiros e emocionais.

A ludopatia é uma condição oficialmente reconhecida pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e caracterizada pela compulsão de um indivíduo por apostas ou jogos de azar.

Dados do Ministério da Saúde estimam que 1,5% da população brasileira sofre de algum transtorno relacionado a esse vício. Ademais, o levantamento indica que a maioria dos pacientes com ludopatia são homens, com idades entre 30 e 50 anos.

Como identificar a ludopatia?

O psicólogo clínico, Robson Verão, explica que, na maioria dos casos, o portador da ludopatia apresenta um histórico de problemas como ansiedade ou depressão. Um fator quase exclusivo é a dificuldade que as pessoas têm em lidar com frustrações ocasionadas pelos jogos.

“Tudo na vida demanda esforço e tempo para ser adquirido ou conquistado, mas os jogos de apostas (como tigrinho, cassino, aviãozinho) oferecem a falsa promessa de que essas conquistas podem ocorrer em um curto espaço de tempo.”

Dessa forma, emocionalmente, o indivíduo acredita que esses resultados ocorrerão, mesmo sem perceber que está perdendo. “Esses jogos impactam a vida da pessoa nos aspectos pessoais, profissionais e nos relacionamentos, e geralmente não se dá conta disso.”

De acordo com o especialista, para identificar se uma pessoa está enfrentando problemas relacionados ao vício, é importante que familiares e amigos observem três aspectos principais: prejuízo emocional, físico e financeiro.

“Se o indivíduo estiver enfrentando esses três tipos de prejuízos, ele realmente apresenta um problema e necessita de ajuda. Alguns sinais são bastante evidentes, como alterações de comportamento, aumento da ansiedade ou depressão, afastamento de pessoas próximas, descumprimento de obrigações como o trabalho, ou até mesmo negligência com a higiene pessoal”, esclarece o psicólogo.